O amor é sobre antônimos (?)



Ouvi pessoas das mais aleatórias dizer durante toda minha vida que eu deveria ter paciência. Que dezoito anos não era idade suficiente para ser adulta, ou madura, e que um mês era pouco demais para amar. Que com apenas dez reais no bolso não existiria felicidade em um final de semana e que eu não poderia me apaixonar no primeiro encontro. Que eu era muito nova para ter tantos medos e que uma criança era muito pequena para ter depressão ou tamanha tristeza. Ouvi dizer que quando se é jovem não se é fiel, e que só se é bom de cama quando se tem idade e experiência o suficiente. Mas eu era/sou impulsiva demais, e não consigo viver na prática esse estilo de vida de: Esperar o tempo certo. Ouvi também alguns sujeitinhos dizerem que alguns opostos se repelem e que encontrou naquela pessoa ''tudo de bom que já existia dentro de mim''. Percebi, percorrendo alguns estados e países que se alguém gosta de rock ela irá procurar alguém em um show do Metallica, e que se alguém gosta de literatura, irá passar mais da metade da vida sentada em uma biblioteca esperando o príncipe ou a princesa encantada. As pessoas, principalmente os adultos, têm uma tendência a procurar o que lhe interessa apenas nos lugares que lhes agradam. Pois é, juntando toda essa vivência eu fui moldada a acreditar que eu deveria esperar, pois o amor me encontraria na hora certa e no lugar correto! Passei madrugadas em claro, dias e mais dias pensativa, tentando entender o mundo, as pessoas, as oportunidades e os amores. Tentando entender se a espera valia a pena, e então eu entendi! Entendi que perdemos tanto tempo esperando que uma hora o tempo não espera e ele passa. O tempo passa e o que não agarramos com unhas e dentes fica perdido no tempo, sobrando apenas o arrependimento. E eu entendi que eu não queria ser como os outros. Eu preferia me arrepender do que eu fiz do que me arrepender de não ter feito ou vivido o que eu queria. Conheci crianças maduras, e velhos sem bagagem nenhuma. Vi amigos recentes fazerem por mim o que meus velhos companheiros nunca fariam, e percebi mais amor em casais com meses, do que naqueles com anos. Números são tão subjetivos!

Eu ainda não fiz trinta e não dei a volta ao mundo. Não tenho a maturidade de um senhor de 90 anos e nem a experiência de um guerreiro, mas acho que eu entendi também que o amor não se trata de sinônimos. Não se trata de compatibilidade ou igualdades. O amor é mais ou menos sobre se sentir completo pelas diferenças do outro, é se deixar ser preenchido pelo desconhecido, e é amar, ou aceitar, tudo o que você não ama.
Quebras cabeças realmente não se completam com peças iguais. Quem diria... O amor é sobre antônimos e diferenças.

0 comentários:

Postar um comentário